As áreas ocupadas com seringueira no Estado de São Paulo são predominantemente constituídas por solos de textura média, mais pobres do ponto de vista da fertilidade e mais suscetíveis à erosão. Por isso, requerem atenção especial quanto às práticas de uso e manejo.
O cultivo da seringueira, também chamada heveicultura, no Estado de São Paulo iniciou-se na década de 70, fruto de uma política pública formulada e conduzida pela Secretaria de Agricultura do Estado, com objetivo de propor uma nova alternativa agrícola para os produtores paulistas, em substituição às culturas de menor rendimento ou mesmo à agricultura de subsistência que predominava no meio oeste do Estado. Ao longo de quatro décadas, foi observada boa evolução na área cultivada, chegando em 2003 a 44 mil ha, correspondentes a 20,3 milhões de pés, distribuídos por 2.550 Unidades de Produção Agropecuária (UPAs). Porém, de 2003 até os dias atuais não houve processo de evolução do setor.
Considerando este cenário e a importância do seu cultivo para a economia brasileira, foi proposto um trabalho de pesquisa pela Embrapa, com o envolvimento das Unidades Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e Embrapa Monitoramento por Satélite (Campinas, SP), o Projeto Geohevea, com o objetivo de avaliar o impacto ambiental dessa cultura e, consequentemente, a sua sustentabilidade, considerando o seu histórico.
Os seringais paulistas foram implantados e continuam concentrados no Planalto Ocidental do Estado, principalmente nas regiões administradas pelos Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs) de São José do Rio Preto, Barretos, General Salgado, Catanduva, Marília, Tupã e Votuporanga, que totalizam 67,0% da área plantada. A área selecionada para estudo situa-se no município de Planalto e faz parte do Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de São José do Rio Preto.
O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Marco Gomes explica que o estudo consiste principalmente em avaliar as propriedades físicas e químicas do solo cultivado com a seringueira e compará-las com as propriedades do solo, do mesmo tipo, onde há cobertura com pastagem e com mata nativa. “Assim, tem-se uma boa referência, principalmente com a mata nativa, considerada o tipo de cobertura com impacto negativo, igual ou próximo de zero”, esclarece.
As áreas de estudos encontram-se a 3km do centro de Planalto, sendo que as três coberturas - seringueira, pastagem e mata nativa, estão sobre o mesmo tipo de solo.
Os experimentos foram instalados em agosto de 2016 e consistiram, inicialmente, na caracterização do solo, com abertura de perfis, descrição e coleta de amostras para determinação de suas propriedades morfológicas, físicas e químicas, sob as coberturas de seringueira, pastagem e mata nativa.
Ainda conforme Gomes, como auxílio na avaliação das taxas de perdas de solos para cada tipo de cobertura vegetal, foram instaladas parcelas de 1m acopladas a um recipiente para armazenar as perdas de solo e de água pelas chuvas, previsto para duração de um ciclo de 12 meses. A cada evento de precipitação igual ou maior que 5mm, realiza-se a coleta com o envolvimento dos parceiros da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) de Planalto.
Lauro Pereira, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e também integrante da equipe explica que o trabalho ainda propõe comparar as características morfológicas, físicas e químicas do solo sob os três tipos de cobertura, a partir de análises e amostras coletadas no perfil, como também avaliar e comparar as perdas de solo e de água para cada cobertura. Tais comparações mostrarão se a seringueira apresenta maior ou menor poder de impacto ambiental, como também se possui comportamento direcionado para a sustentabilidade da heveicultura.
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