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Jônadan Ma, Ivo Mello, Jeankleber Bortoluzzi, Marie Bartz, Alfonso Sleutjes, Rafael Fuentes e Ricardo Ralisch, da diretoria da Febrapdp, e Cássio Wandscheer, do Parque Tecnológico Itaipu
19/12/2018
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A importância da produção agropecuária brasileira é indiscutível, sendo o Brasil o principal produtor mundial, se considerarmos a diversidade dos itens produzidos. Para o país, os benefícios são ainda mais notórios, pois se tornou a principal sustentação da nossa economia. Além do PIB e a geração de emprego, há o efeito na Balança Comercial nacional. Dados de 2017, da Secretaria de Comércio Exterior, SECEX, do Ministério do Desenvolvimento e do Comércio, mostram que o saldo brasileiro tem sido superavitário nos últimos 18 anos consecutivos, graças ao agronegócio, compensando os demais setores, que são deficitários. É isto que mantem as reservas cambiais nacionais, contendo processos inflacionários gerados, justamente, pelos setores deficitários. Logo, nossa economia é dependente da agropecuária, que tem tido um desempenho semelhante ao da China, frequentemente destacada no cenário mundial. Temos, portanto, uma China dentro do Brasil, o que não é reconhecido pela maioria das pessoas e das instituições, inclusive do Governo Federal. Tudo isto, apesar das enormes deficiências logísticas.
Isto se explica pelos dados da Conab, que mostram que, comparando as safras de 1976/77 e 2016/17, nos cereais, houve um aumento de apenas 33% na área plantada, porém teve um aumento de 386% na produção, advindo do aumento da produtividade média em 260% e da ampliação da área cultivada com uma segunda safra, a maior parte desta expansão no bioma Cerrado. Obtido graças a aplicação de tecnologia. Estima-se que esta evolução evitou o desmatamento de 150 milhões de hectares.
Destas tecnologias, destacam-se o melhoramento vegetal, com aumento do potencial produtivo e redução dos ciclos das culturas; eficiência no controle de pragas, doenças e plantas invasoras, produção de sementes, máquinas e equipamentos mais eficientes, manejo e conservação de solo e água e a consolidação do Sistema Plantio Direto, SPD.
Adotando-se todos os preceitos já definidos e consagrados do SPD para as mais diferentes realidades, a produção agrícola se torna mais harmoniosa com o ambiente, o que permite que todas as demais tecnologias citadas acima se expressem com todo seu potencial. Isto ficou muito evidente na evolução no controle da erosão. A Ciência do Solo brasileira se consolidou na busca de alternativas para reduzir os efeitos erosivos causados pela intensificação de nossa agricultura ocorrida a partir dos anos 1950. Porém, os resultados efetivos só ocorreram com a mudança do sistema de preparo de solo tradicional pela alternativa do Plantio Direto, sem preparo. Este conceito evoluiu muito e se consolidou no que hoje se preconiza com SPD, que exigiu a ¨tropicalização¨ das tecnologias agrícolas. O SPD é a base tecnológica, que permite que as demais tecnologias se manifestem.
Visando ampliar estes benefícios do SPD e sua expansão territorial e conceitual, criou-se a Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação – FEBRAPDP, instituição de interesse público, representativa de agricultores preocupados com a preservação dos recursos naturais, que se propõe a promover o Sistema Plantio Direto, SPD, como a melhor alternativa de intensificar a produção sem degradar a natureza, o insumo mais importante da agropecuária.
Fundada em 1992, desde então vem adotando diversas estratégias para expandir a área de emprego adequado do SPD no Brasil. Dentre estas, vem realizando bianualmente os Encontros Nacionais de Plantio Direto, ENPDP, como fórum para se discutir avanços obtidos e desafios a serem enfrentados. Visam aproximar o setor de produção à academia, como forma de valorizar as pesquisas realizadas e também para constatar as demandas que surgem. Tais eventos são itinerantes, para atender a especificidades das diferentes regiões e realidades e sinalizam para os jovens cientistas e estudantes a necessidade de mantermos as pesquisas nesta área. Já foram realizadas 16 edições deste evento e a 17ª. está definida para acontecer em 2020 em Dourados, MS. Será o quarto evento consecutivo no Bioma Cerrado, confirmando o interesse em se consolidar este sistema de produção como a melhor alternativa para se expandir a produção agropecuária nesta região, intensificando o uso de áreas degradadas e preservando as florestas do Brasil.
Como as demandas do público envolvido e interessado são maiores do que estes eventos tratam, passou-se a organizar os Fóruns de Inovação no Agronegócio, uma atividade de um dia onde se discutem temas de interesse local, justamente para se identificar as limitações à expansão do SPD e as soluções possíveis. Estes Fóruns acontecem no âmbito do programa Amigos da Terra, que visa aproximar as empresas e demais instituições deste ambiente de busca de soluções coletivas. Desta forma, se cria um ambiente de evolução continua nas regiões, com pessoas e instituições envolvidas neste desafio. Já Foram realizados 8 Fóruns de Inovação em diferentes regiões e acontecem quando alguma organização ou instituição local solicita e se compromete com sua organização, com apoio da FEBRAPDP.
Outro projeto da FEBRAPDP que merece destaque é o IQP, Índice de Qualidade do Participativo do Plantio Direto. Trata-se de um projeto em execução desde 2009, com o apoio financeiro e logístico da Itaipu Binacional e que estabelece um procedimento sintético para avaliar as áreas com SPD, atribuindo uma nota de 0 a 10 nas glebas ou talhões avaliados. O objetivo é criar uma ferramenta de apoio à gestão da atividade agropecuária, visando dar parâmetros ao interessado que ajude na tomada de decisões que favoreçam a consolidação do SPD na área avaliada.
Trata-se de um questionário com 25 perguntas, que quando sistematizado na plataforma específica, calcula a nota e destaca os pontos positivos e negativos em relação ao SPD avaliado, sugerindo alternativas. O procedimento pode ser feito para se avaliar uma área já adotada ou pode ser empregado para simular algumas situações de interesse, avaliando o resultado obtido. Pode ser empregado, também, por órgão de assistência técnica, como forma de monitorar sua área de atuação.
O IQP foi concebido pela FEBRAPDP sob demanda da Itaipu Binacional, interessada numa ferramenta aplicada para orientar os agricultores a adotarem as recomendações técnicas. emanadas de um grande projeto de consolidação do SPD na área ao redor do lago de Itaipu, executado pelo Iapar. Esta é a lógica fundamental do IQP, parte de informações técnicas e científicas já comprovadas. Outro pilar fundamental do projeto é seu cunho participativo.
A FEBRAPDP se propõe a traduzir as recomendações técnicas de adoção do SPD à uma situação, obtendo um reconhecimento dos critérios adotados por um grupo de produtores voluntários e indicados, adequando a forma de transmitir a informação ou a recomendação. É este o maior esforço realizado pela equipe, pois quando bem feito facilita a adoção pelos produtores das práticas sugeridas. Desta forma, os efeitos da adoção do SPD com fundamentos e com qualidade permitirá que haja paulatinas estabilidade na produção e redução nos custos de produção.
O IQP básico se baseia em 8 indicadores que atendem aos preceitos do SPD, cada um destes possuem diferentes parâmetros a serem avaliados pelo questionário e cada parâmetro com pesos na composição da nota final. Estes indicadores, os parâmetros e os pesos variam nas diferentes regiões, visando adequar o índice à realidade. Esta adaptação faz parte do processo de proposição de um IQP para uma nova realidade e é feita por uma equipe técnica composta por integrantes permanentes e temporários, estes últimos justamente para incorporarem os conceitos consagrados para caso.
Toda proposta de IQP passa por uma validação técnica e científica. Para tanto se emprega outra estrutura prevista no programa, o Grupo de Trabalho, também composto por membros permanentes, mas que incorpora técnicos e especialistas habituados com a realidade em estudo, para avaliar a proposta de adequação do IQP à nova situação e confirmar se os critérios adotados conferem com as recomendações técnicas à boa condução do SPD.
Para aprofundar esta validação e ampliação do emprego do IQP como ferramenta de gestão e de promoção do SPD, mais recentemente iniciou-se um projeto, Solo Vivo, coordenado pela Embrapa Solos, sediada no Rio-de-Janeiro, que visa realizar um amplo estudo dos impactos no ambiente dos sistemas de produção adotados em 12 microbacias de seis localidades em cinco estados: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás. O IQP é uma das metodologias que está sendo empregada e avaliada neste projeto, o que certamente contribuirá para seu aperfeiçoamento a expansão de uso.
A FEBRAPDP está à disposição para atender qualquer região ou instituição interessadas em apoiar, empregar ou desenvolver algumas destas atividades.
Indicadores considerados no IQP:
- Intensidade das rotações de culturas;
- Diversidade das rotações de culturas;
- Persistência dos resíduos na superfície do solo;
- Frequência do preparo de solo;
- Terraceamento;
- Avaliação da conservação;
- Fertilização equilibrada e
- Tempo de adoção do SPD
Artigo publicado originalmente na Revista A Granja
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