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Agronegócio    
Exportações de frutas crescem 25%
Aumento foi registrado nos últimos cinco anos. Especialistas apontam que Produção Integrada facilita acesso a mercados mais exigentes. Cooperativa de Santa Catarina negociou maçãs com a marca Disney
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MAPA
01/03/2011

As exportações brasileiras de frutas cresceram 25% nos últimos cinco anos. Em 2006, o setor movimentou US$ 700 mil, número que chegou a mais de US$ 875 mil em 2010. “O mercado externo busca produtos de qualidade e o sistema de Produção Integrada (PI) é uma importante ferramenta para acessar países mais exigentes”, ressalta o coordenador de Produção Integrada da Cadeia Produtiva do Ministério da Agricultura, Sidney Medeiros. Exemplo disso já pode ser observado em Santa Catarina, onde uma cooperativa de produtores de maçã vem se destacando na inserção em mercados externos, em parceria com a marca Disney, nos Estados Unidos.

A Produção Integrada é um sistema moderno de produção agropecuária baseado em boas práticas e sustentabilidade. O objetivo é valorizar a capacitação dos envolvidos na cadeia produtiva, garantir a conservação do meio ambiente e melhorar a qualidade de vida dos produtores rurais e das comunidades locais. Tudo isso respeitando a legislação trabalhista, a segurança do trabalhador, a sanidade e o bem-estar dos animais.

“Trata-se de um método produtivo que gera alimentos seguros, principalmente para o consumo humano, pois adota o monitoramento em todas as etapas do processo de produção, análise de resíduos de agrotóxicos, além da utilização de tecnologias apropriadas”, explica Sidney Medeiros. O sistema eleva os padrões de qualidade e competitividade dos produtos agropecuários ao patamar de excelência requerido pelos consumidores mais conscientes. E representa um instrumento de apoio aos produtores para que possam atender aos mercados exigentes.

A cidade de São Joaquim, na Região Serrana de Santa Catarina, concentra boa parte da produção brasileira de maçã. Hoje, uma das maiores cooperativas de produtores da fruta está localizada na cidade, que se tornou grande exportadora. No ano passado, nos pomares dos 80 cooperados, foram colhidas 35 mil toneladas de maçã. Números da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM) apontam que, em 2010, o Brasil produziu cerca de 800 mil toneladas. Esse número é 15% superior ao levantado em 2009.

A cooperativa catarinense utiliza a Produção Integrada há mais de dois anos. Todos os 1,1 mil hectares cultivados adotam o sistema. “A nossa prioridade é fazer o acompanhamento da produção de cada cooperado, com diversas análises químicas laboratoriais, periodicamente”, conta o presidente da cooperativa, Roberto Ratto. Segundo ele, esse é o diferencial da empresa, já que o mercado está cada vez mais exigente com a qualidade dos produtos. A segurança alimentar, o controle biológico natural de pragas e doenças e a consequente preservação ambiental são alguns dos aspectos observados.

A cooperativa tem uma parceria com a Disney na venda de maçãs e quer investir em uma nova linha de produtos para a marca americana. O presidente conta que, com o contrato exclusivo com a marca para a venda de pacotes de maçãs, a ideia é lançar uma linha de sucos integrais com os personagens da Disney nas embalagens. “Isso oferece um grande diferencial de preço”, garante.
   
Histórico

O Sistema de Produção Integrada no Brasil começou, oficialmente, com o Marco Legal da Produção Integrada de Frutas em 2001, coordenado pelo Ministério da Agricultura, por meio de parcerias públicas e privadas.

O objetivo do sistema é oferecer produtos seguros para a saúde humana e animal, atendendo às crescentes exigências de mercado. Nesse contexto, considera a higiene, a conservação ambiental, o uso racional de insumos e medicamentos veterinários, respeitando prazos de carência e limites de segurança. 
 
Resultados obtidos com a PI

• Menor impacto ambiental;
• Redução do consumo de água e energia;
• Redução no uso de fertilizantes e agrotóxicos;
• Aumento da produtividade;
• Redução no custo de produção;
• Responsabilidade social.
 
Vantagens

• Melhoria na gestão da propriedade;
• Organização da base produtiva;
• Diminuição dos custos de produção e aumento da receita pela agregação de valor ao produto final;
• Ganho de competitividade e maior capacidade para permanência nos mercados conquistados;
• Acesso a mercados mais exigentes;
• Sustentabilidade ambiental, social e econômica do processo de produção;
• Oferta de produtos sadios e rastreáveis, com melhor sabor, aroma, aparência e maior durabilidade;
• Maior limite de crédito rural;
• Conservação dos recursos naturais;
• Estímulo à associação de produtores.

Como funciona

“A adesão ao sistema de Produção Integrada é voluntária, porém, o produtor que optar por esse sistema terá que cumprir as orientações estabelecidas em normas específicas”, destaca o coordenador Sidney Medeiros. Ao aderir ao sistema, o produtor é auditado periodicamente por uma certificadora acreditada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Caso inexistam inconformidades, o agricultor poderá comercializar sua produção com o selo da PI Brasil, concedido pelo Ministério da Agricultura. As normas técnicas específicas contemplam, principalmente, a capacitação periódica de trabalhadores e produtores rurais, o manejo e a conservação ambiental e a segurança dos alimentos e do trabalho, possibilitando a rastreabilidade da produção.

Alguns produtos brasileiros já contam com o selo de PI. São eles: abacaxi, banana, caju, caqui, citros, coco, figo, goiaba, maçã, mamão, manga, maracujá, melão, morango, pêssego e uva. Outras cadeias estão concluindo a elaboração das normas específicas. A adesão ao sistema já é significativa por parte dos produtores de ameixa, amendoim, arroz, batata, bovinos, café, feijão, flores, gengibre, inhame, leite, mandioca, mangaba, mel, nectarina, ovinos, soja, tomate de mesa, tomate industrial, trigo e uva para vinho.

Além disso, outras culturas iniciaram recentemente a implantação de projetos para validação do sistema: açúcar e álcool, algodão, cana-de-açúcar, caprinocultura de leite, guaraná, hortaliças folhosas, milho, ovinocultura de corte, sistemas agroflorestais para frutos diversos consorciados, suínos e tabaco. (Sophia Gebrim)
 
 
 

 
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