Os produtos da petroquímica utilizados na agricultura às vezes não são vislumbrados como integrantes do balanço energético agrícola. Talvez isto ocorra devido à parcela de consumo energético envolvida nestes produtos e processos ser muito menor do que outras, tais como o consumo de diesel ou gás natural, outro fator que camufla a petroquímica na agricultura em termos de energia é o fato de seus produtos e processos não serem percebidos como fonte de energia ou princípios de ação, a exemplo do diesel que move máquinas ou o gás natural que gera nutrientes para as plantas.
A petroquímica é um ramo da química que se atém aos produtos derivados do petróleo, em geral obtidos através de processos de destilação. A partir destes derivados a indústria química desenvolve e produz muitos componentes essenciais a agricultura. Dentre eles as categorias de maior destaque são os plásticos e os produtos fitossanitários.
Os plásticos são onipresentes na agricultura, pois são utilizados como recipientes, embalagens e sacos de produtos; mangueiras e elementos hidráulicos de sistemas de irrigação; cobertura e vedação de silos; dutos de ventilação; cobertura de estufas; telas de sombreamento; lonas para transporte, estocagem, secagem e proteção; telas plásticas para quebra ventos; proteção de flores, frutos e caules; cobertura de solos, filmes para uso diversos e etc. Segundo ABRAPEX (2012) o Brasil utiliza por ano cerca de 33 mil toneladas de plásticos na agricultura, embora pareça representativo, este número é 100 vezes menor do que usa os EUA.
Os principais plásticos utilizados na agricultura brasileira são: Polietileno em suas diversas densidades, o Prolipropileno, o Policloreto de Vinila (PVC) e o Poli-tereftalato de etileno (PET), o Poliestireno Expandido (Isopor). Farias Junior (2011) estabelece ainda outros plásticos importantes: Poliolefinas, Polifluereto de Vinila, Polimetacrilato de metila e Policarbonato.
Quanto aos produtos fitossanitários existe uma polêmica sobre a terminologia quanto a denominação, que é baseada principalmente em questões ideológicas, uns denominam-os de Agrotóxicos, outros de Defensivos Agrícolas. Sem entrar na polêmica quanto ao termo, o fato concreto é que estes produtos são definidos por lei como produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou fauna, a fim de preservá-la da ação danosa de seres vivos considerados nocivos (Lei 7802/1989).
Os produtos fitossanitários para fins práticos podem ser divididos em duas categorias, os aditivos ou adjuvantes e os princípios ativos. Segundo Antuniassi e Boller (2011) os aditivos tem a função de melhorar a ação e estabilidade do princípio ativo e os adjuvantes tem a função de melhorarem a aplicação do princípio ativo. O princípio ativo é a molécula ativa que atuará na função de matar o alvo ou regular seu crescimento. Os principais aditivos/adjuvantes são: surfatantes, óleos minerais, adensionantes, antiespumantes, antievaporantes, antideriva, acidificantes, tamponates, protetores solar, espessantes e quelatizantes. Os princípios ativos, são todos os herbicidas, inseticidas, fungicidas, acaricidas, nematicídas, bactericidas, maturadores, etc.
Segundo Menten et al. (2011) em 2009 foram comercializados 725 mil toneladas de produtos fitossanitários no Brazil, sendo que 59% se referiram a herbicídas, 21% inseticidas, 12% fungicidas e 8% outros tipos de ingredientes ativos e adjuvantes.
No contexto da sustentabilidade - entenda-se diminuição da dependência do petróleo - a questão dos plásticos e dos produtos fitossanitários está sendo direcionada para a substituição da matéria prima (petróleo) por moléculas provenientes de produtos da agricultura, exemplo são os plásticos provenientes de estudos e processos baseados na cana-de-açúcar, e princípios ativos agroecológicos. Em termos quantitativos existe real possibilidade de tal substituição, no entanto em relação a adequação das características e propriedades destes elementos a ponto de substituir os produtos da petroquímica, ainda se é necessário muita pesquisa, mas o caminho é promissor.
Referências Bibliográficas:
ABRAPEX. Plásticos. Disponível em: http://www.abrapex.com.br/62Recicla04.html, 2012.
FARIAS JR., M. J. A.; RODRIGUES, R. A. F.; SENSO, S. Plano de ensino da disciplina Uso do plástico em sistemas de produção agrícola. Disponível em: http://www.feis.unesp.br/instituicao/administracao/dta/pos-graduacao/agro/disciplinas/37.pdf. 2012.
Lei Federal 7802/1989. Disponível em:
www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=316, 2012.
ANTUNIASSI, U. R.; BOLLER, W. Tecnologia de aplicações para culturas anuais. FEPAF: UNESP, 2011.
MENTEN, J. O. M; SAMPAIO, I. A.; MOREIRA, H.; FLORES, D.; MENTEN, M. O setor de defensivos agrícolas no Brasil. Disponível em:
http://www.cultivarnet.com.br/site/, 2012.
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