O óleo diesel é uma fração do petróleo que é obtida através da refinação. A refinação é um processo físico-químico baseado na destilação onde as frações do petróleo são separadas em função das diferentes temperaturas de ebulição e as impurezas são removidas. De forma geral as frações mais pesadas acumulam-se na parte inferior da torre de fracionamento. A fração do petróleo mais volátil (“leve) é o GLP (gás de cozinha) que se vaporiza a 40oC e a mais “pesada” é o Asfalto que é considerado um sólido não volátil, inicia a ebulição em temperaturas acima de 550oC. Nesta amplitude de temperaturas o óleo diesel se separa do petróleo bruto entre 250 a 400oC. O Diesel é composto por vários hidrocarbonetos (alcanos), a fórmula molecular geral é CnH2n+2, sendo que sua molécula característica é o cetano C16H34, não por acaso, o número de cetanos é um índice de qualidade essencial para avaliação do óleo diesel.
O Brasil consumiu em 2010 mais de 40,6 milhões de toneladas equivalente de petróleo (tep) de diesel (já considerando a adição de 5% de biodiesel). Deste total 33,7 milhões de tep foram utilizadas no setor de transportes e 5,7 milhões de tep no setor agrícola, o restante 1,2 milhões de tep foram utilizados nos setores comercial, industrial e energético (EPE, 2011).
O óleo diesel no Brasil é comercializado em duas categorias, o diesel rodoviário e o diesel marítimo. O diesel rodoviário segundo a Resolução ANP-42 (ANP, 2011) é comercializado em dois tipos: Tipo A (sem adição de biodiesel) e o Tipo B (com adição de biodiesel), cada tipo tem as seguintes versões: a) Óleo diesel S50: combustível com teor de enxofre, máximo, de 50 mg/kg; b) Óleo diesel S500: combustível com teor de enxofre, máximo, de 500 mg/kg e c) Óleo diesel S1800: combustível com teor de enxofre, máximo, de 1800 mg/kg. A questão do enxofre no diesel é controversa, de um lado os compostos de enxofre emitidos por processos de combustão são altamente prejudiciais ao ambiente e a saúde humana, mas por outro este componente químico é essencial para o funcionamento ideal das bombas injetoras, pois o óleo diesel que não possui enxofre em sua composição danifica a bomba injetora devido a problemas de lubrificação. Neste contexto a adição de biodiesel é uma boa alternativa, tanto ambientalmente como tecnicamente, pois o biodiesel é conhecido como ótimo lubrificante, sendo utilizado inclusive pela Petrobras como lubrificante de sistemas de perfuração de poços de petróleo. No Brasil a partir de 2010 se tornou obrigatório a adição de 5% de biodiesel no diesel rodoviário.
Reis et al. (2005) afirmam que metade de todo o consumo de diesel utilizado pela agricultura se deve ao uso de tratores agrícolas. As características intrínsecas do trabalho no campo ocasionam isto, pois as operações quase sempre são realizadas em meia ou plena carga, essencialmente com grande demanda de torque, assim em termos de projeto de motores, os motores ciclo compressão (diesel) são mais adequados ao uso na agricultura, vem daí o uso hegemônico de motores diesel nos tratores. A outra metade poderia ser dividida em outras aplicações de motores ciclo compressão, tais como, segundo Machado (2003): colhedoras, pulverizadores autopropelidos e motores estacionários (trituradores, geradores, sistemas de irrigação e pequenas máquinas).
Muitas alternativas tem sido estudadas para substituir o diesel no campo, o próprio biodiesel é uma delas, mas todas esbarram em uma questão principal. Como produzir fontes de energia (bioenergia ou não) que sejam capazes de substituir mais de 5 milhões de “toneladas de petróleo”? Esta talvez seja a grande pergunta energético-agrícola do Brasil.
Bibliografia:
Agencia Nacional de Petróleo (ANP). Resolução ANP-42. Disponível em: http://www.anp.gov.br/, acesso em 14/11/2011
Empresa de Pesquisas Energéticas do Ministério de Minas e Energia (EPE-MME, 2011). Balanço Energético Nacional 2011. Disponível em:https://ben.epe.gov.br/BENRelatorioFinal2011.aspx, acessado em 20/19/2011.
Machado, P. R. M. Avaliação de desempenho do óleo de soja como combustível para motores diesel. Dissertação de Mestrado – UFSM, 2003.
Reis, A. V.; Machado, A. L. T.; Tillmann, C. A. C.; Moraes, M. L. B. Motores, tratores, combustíveis e lubrificantes. Editora da UFPel, 2005
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