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Rodrigo Peixoto de Barros, Embrapa Arroz e Feijão
15/02/2016
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Extratos naturais e microrganismos, como fungos e bactérias, poderão ser as novas armas para combater e evitar enfermidades do arrozal. Cientistas estão identificando essências vegetais e microrganismos mais adequados ao combate a doenças e a insetos-praga e pesquisando sua aplicação na lavoura. Os especialistas procuram matérias-primas naturais que possam ser usadas na formulação de novos bioprodutos.
A pesquisa está voltada à investigação dos gêneros Trichoderma, Cladosporium, Epicoccum e de bactérias (rizibactérias e actinomicetos), além do fungo micorrízico Waitea circinata. Todos vivem no solo ou na parte aérea da planta, em interação com as raízes e folhas do arroz, sem causar danos ao vegetal. Evidências indicam que essas espécies são benéficas aos vegetais, o que será verificado cientificamente pelo projeto. O trabalho reúne especialistas da Universidade de Brasília (UnB), Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Universidade Federal de Goiás (UFGO), Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e Embrapa.
Esses fungos e bactérias são reconhecidamente antagonistas de duas das principais doenças da cultura, a brusone e a queima-da-bainha, e de insetos-pragas como lagartas (Spodoptera frugiperda), percevejos do grão (Oebalus poecilus), do colmo (Tibraca limbativentris) e de brocas (Diatra saccharalis e Rubela albinella), presentes tanto no sistema produtivo de terras altas como em várzeas tropicais e subtropicais do País.
"O desafio no momento é aprofundar o conhecimento, por meio da identificação e caracterização dos inimigos naturais para se chegar àqueles mais eficientes para o controle de doenças e insetos-pragas do arroz", disse a pesquisadora da Embrapa Marta Cristina Corsi de Filippi, que coordena a pesquisa.
Ela explica que, em uma segunda etapa, o estudo abrangerá a compreensão de quais mecanismos bioquímicos envolvidos na defesa da planta são ativados por esses agentes biológicos, fazendo com que o arroz possa suportar o ataque de brusone, da queima da bainha e de alguns insetos-pragas. A pesquisa buscará ainda, por meio de testes no campo e em laboratório, gerar formulações, dosagens e métodos de aplicação dos bioagentes e de extratos vegetais.
Marta Cristina afirma que essa pesquisa é importante para se obter mais alternativas que fortaleçam, nos sistemas orizicultores, o manejo integrado de doenças e insetos-pragas (MIP). Esse manejo consiste na associação de diferentes técnicas agronômicas para manter a sanidade das lavouras em níveis toleráveis, a fim de assegurar que não existam danos econômicos à produção.
A perspectiva é que a pesquisa dure quatro anos e os produtos de origem biológica estejam validados por volta de 2019. Eles irão se somar a outras opções para o controle de pragas, dentre elas, o uso de cultivares mais resistentes.
Menos defensivos químicos
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o uso de agrotóxico no Brasil, de modo geral, mais que dobrou entre 2002 e 2012, crescendo de 2,7kg por hectare para 6,9kg por hectare. Esse dado leva em conta a comercialização total de defensivos químicos a cada ano e não faz distinção entre as diferentes culturas. Com alternativas aos químicos, a cultura do arroz poderá reduzir o consumo de agrotóxicos, promovendo ganhos ambientais e econômicos.
Controle biológico
O trabalho com os agentes biológicos está focado no manejo integrado de doenças e de pragas do arroz (como a brusone, a queima-da-bainha, lagartas, percevejos do grão e do colmo e das brocas). Essa forma de combater as pragas, por meio da atuação de um agente já existente na natureza, é um exemplo do chamado controle biológico. Por ocorrer em níveis microscópicos, essa ação muitas vezes passa despercebida. No entanto, são esses agentes naturais que restabelecem o equilíbrio dos agroecossistemas.
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