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Rodrigo Peixoto, Embrapa Arroz e Feijão
08/09/2015
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Os produtores mato-grossenses obtiveram 39% de lucro sobre o investimento para a produção de arroz de terras altas na safra 2013/2014 com o uso da cultivar BRS Esmeralda, desenvolvida pela Embrapa. Esse foi o resultado de um estudo que analisou a viabilidade econômica dessa cultivar para a rizicultura empresarial naquele estado. O levantamento de dados se baseou nos gastos com os fatores de produção e no preço de comercialização da saca de 60 quilos do produto.
Realizado pela Embrapa Arroz e Feijão (GO), o trabalho levou em consideração a aquisição de insumos (sementes, fertilizantes, corretivos de solo e defensivos), as operações com máquinas e implementos e os serviços (mão de obra). Além disso, foi contabilizado o dispêndio com a pós-colheita na secagem do grão. Não foram incluídos custos fixos, como, por exemplo, a depreciação de tratores e o preço da terra. Complementarmente, o investimento para a produção foi calculado para a obtenção de uma produtividade de 3,6 mil quilos por hectare. A produtividade média no Mato Grosso é 3,2 mil quilos por hectare, com uso de outras cultivares.
Esses custos dos fatores de produção foram baseados nos preços médios praticados nas praças de Rondonópolis, Água Boa, Sinop e Paranatinga em abril de 2014. Já a receita bruta, que também teve como referência essas mesmas localidades e período, foi aferida presumindo um rendimento de 55% de grãos inteiros no beneficiamento industrial do produto.
A analista da Embrapa Osmira Fátima da Silva, que participou do levantamento, avalia que esses resultados evidenciam que a BRS Esmeralda contribui para o fortalecimento da cadeia produtiva do arroz de terras altas no Mato Grosso. "Acreditamos que essa tecnologia seja economicamente viável e proporcione ao agricultor maior segurança na obtenção de alta produtividade, qualidade de grãos e boa lucratividade sobre os investimentos no sistema de produção", afirma.
Osmira acrescenta que os insumos foram o fator que mais onerou o custo de produção (53%), com destaque para os fertilizantes e corretivos de solo, que tiveram uma participação de 41%. Já as operações com máquinas e implementos corresponderam a 29%, os serviços, 16%; e a pós-colheita, 2%.
A análise da viabilidade econômica da BRS Esmeralda para o agronegócio na safra 2013/2014 foi um dos trabalhos apresentados no 9º Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, que aconteceu em agosto, em Pelotas (RS). O evento foi promovido pela Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado (Sosbai) e teve como tema Ciência e Tecnologia para a Otimização da Orizicultura.
Versatilidade de cultivo
A BRS Esmeralda foi lançada pela Embrapa e parceiros em abril de 2013. Ela é fruto do cruzamento de outras cultivares, realizado em 1997, e seu desenvolvimento se estendeu até o ano 2008.
A BRS Esmeralda atinge produtividade média acima de quatro mil quilos por hectare e oferece boa segurança fitossanitária, com graus de resistência às doenças mancha-parda, escaldadura-das-folhas, mancha-de-grãos e brusone.
A cultivar tem grãos com qualidade agulhinha e possui ciclo precoce (entre 105 a 110 dias). Apresenta porte ereto, o que facilita a colheita mecanizada, e tolerância ao acamamento, o que significa que, mesmo sob o peso dos cachos cheios e pesados, a planta não costuma se "deitar" facilmente sobre o solo.
Ainda segundo a Embrapa, outra característica importante da BRS Esmeralda é a senescência tardia (stay green), ou seja, a persistência da coloração verde das folhas na fase de maturação de grãos, o que permite manter o produto sem perdas, à espera da colheita, por mais tempo no campo.
No Município de Água Boa (MT), o diretor da empresa Sementes Cabeça Branca, Dorival Ruiz, e o responsável técnico, Emílio Pascoal, confirmaram as características da BRS Esmeralda. Segundo eles, a cultivar é rústica, resistente ao acamamento e tem boa produtividade, com média de 4,05 mil quilos por hectare.
Para o pesquisador e melhorista de plantas da Embrapa Adriano Castro, a BRS Esmeralda favorece o desenvolvimento do agronegócio orizícola. Isso porque ela pode ser cultivada em rotação de culturas em áreas com agricultura intensiva (terras velhas) e em renovação de pastagens. "As características da planta, como o vigor inicial, altura reduzida e boa tolerância ao acamamento, tornam a cultivar bastante eficiente nos sistemas de integração lavoura-pecuária, em que a competição com as forrageiras é forte. Além disso, a BRS Esmeralda contribui para revitalizar a cultura do arroz de terras altas no Mato Grosso, principalmente, como opção em sistemas de rotação, como por exemplo, com a soja", esclarece Castro.
Segundo a Embrapa Arroz e Feijão, em 2013, a área plantada com a cultura alcançou a faixa dos 160 mil hectares; a produtividade média foi de 3,2 mil quilos por hectare; e a produção do estado atingiu cerca de 500 mil toneladas. Isso faz com que o Mato Grosso seja o principal produtor de arroz de terras altas do País.
O pesquisador da Embrapa crê também que, por causa da qualidade de grão da cultivar e pelo fato de o arroz estar bastante presente na mesa dos brasileiros, o benefício da BRS Esmeralda alcança toda a cadeia produtiva. "É uma enorme satisfação, por meio de sementes que carregam inovações tecnológicas, impactar positivamente a vida de produtores, indústrias e consumidores. Em especial, porque o arroz é um alimento básico da população", conclui Adriano Castro.
A BRS Esmeralda é indicada para os estados de Mato Grosso, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins.
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