A Epagri apresentou os primeiros resultados de ensaio para produção de sementes de mexilhão, que vai ampliar o volume do molusco produzido em Santa Catarina. A apresentação aconteceu no dia 16 de setembro, durante o Seminário Técnico da Fenaostra, em Florianópolis.
As sementes têm sido um entrave na produção de mexilhões em Santa Catarina. Dados do Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca da Epagri (Cedap) revelam que Palhoça, Bombinha e Governador Celso Ramos, os maiores produtores do Estado, enfrentaram nos últimos cinco anos estagnação e até redução de safra, relacionada a indisponibilidade de sementes.
“Antigamente os maricultores rapavam as sementes de mexilhões dos costões e depois passaram a usar coletores, mas o resultado é muito variável” explica Felipe Matarazzo Suplicy, pesquisador do Cedap (foto). Preocupado com esse cenário ele começou a estudar soluções adotadas por outros países e desenvolveu o ensaio para produção de sementes de mexilhões.
“A UFSC já produzia larvas de mexilhões em laboratório, faltava uma técnica para passar ao maricultor”, conta Felipe. Ele explica que a larvas vivem por até 30 dias e aí precisam se fixar em algum ponto. Aí é que a entra a solução desenvolvida por ele. Com base no que já é feito na Austrália, Felipe enrolou uma corda de 500 metros num suporte de metal. Isso é depositado num tanque com água do mar e as larvas.
Dentro de três semanas as larvas grudam na corda e se transformam em pequenos mexilhões. Nessa fase, o conjunto vai para o mar, onde ainda fica protegido por uma tela para evitar a predação por outras espécies. O próximo passo é lançar essa corda ao mar, onde o cultivo é concretizado.
Essa técnica de cultivo, com uma única corda ao invés de pequenas cordas penduradas ao longo de um cabo central, é chamada de cultivo mecanizado. Ela facilita a colheita e diminui o esforço humano e já vem sendo aplicada por maricultores catarinenses. Quando a nova tecnologia de produção de sementes estiver pronta para ser implementada, ela vai se juntar a esse sistema para completar o ciclo mecanizado de produção de mexilhões em Santa Catarina.
A intenção do pesquisador da Epagri é criar centros de assentamentos remotos de sementes nas regiões produtoras. Nesses casos, os maricultores se reuniriam em associações ou cooperativas para instalação dos tanques onde as larvas seriam cultivadas até o momento de ir ao mar, dividindo assim os investimentos necessários. Essa parte do processo poderia também ser assumida por empresas privadas, de onde os produtores comprariam a corda já com a semente, explica Felipe.
Agora o ensaio de Felipe será ampliado e se tornará uma pesquisa, financiada pela Fapesc e pelo Programa SC Rural. Ele espera que dentro de um ano os maricultores catarinenses já possam utlizar a nova técnica de criação de sementes de mexilhões.
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