Nesta segunda-feira (30), durante a 6ª Reunião Técnica da Agroenergia e o 9º Simpósio de Energia e Meio Ambiente, a Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS) lançou a publicação “Sistema de Produção da Cana-de-açúcar para o Rio Grande do Sul”, com orientações sobre todos os aspectos ligados à cultura. “Fala tudo, desde a escolha da área, do solo, das variedades, chegando até a parte da agroindústria. Pelo que conheço de cana no Brasil, é o primeiro sistema de produção completo sobre a cultura”, explica o pesquisador responsável, Sérgio dos Anjos.
A publicação é resultado de dez anos de pesquisa e atende a uma demanda dos produtores gaúchos. Segundo o pesquisador, a cana movimenta cerca de 53 milhões de reais só no Rio Grande do Sul, sendo a 11ª cultura em importância socioeconômica. E, apesar de ser associada à produção de etanol no país, no Estado está tradicionalmente ligada às propriedades familiares. Da cana derivam produtos como melado, açúcar mascavo, rapadura e cachaça.
A publicação já está disponível em pdf e também pode ser adquirida em versão física na Embrapa.
Produção de cachaça
Durante o primeiro dia do evento, um dos pontos altos foi a produção de cachaça. O Estado é o terceiro maior produtor do país e o segundo em exportação. De acordo com o empresário rural responsável por uma cachaçaria no município gaúcho de Harmonia e um dos palestrantes, Leandro Hilgert, alguns produtores chegam a produzir 300 mil litros por ano. Uma tonelada de cana gera, em média, 600 litros de caldo, resultando em torno de 60 litros de cachaça de qualidade.
Segundo o empresário, o Estado possui cerca de 30 agroindústrias legalizadas e perto de quatro mil clandestinas. Essa informalidade, juntamente da falta de mão-de-obra, do preconceito à cachaça, e da alta tributação são, para ele, os principais desafios para a atividade. “Outras cachaçarias não são minhas concorrentes, são minhas parceiras. Meu concorrente hoje é a cachaçaria clandestina e a aguardente de cana”, afirma. Da pesquisa, ele espera apoio para a colheita em pequena escala, hoje feita de forma manual.
Energia distribuída
Outro tema importante debatido foi a energia distribuída – quando os consumidores ou geradores de pequeno porte produzem e colocam energia na rede. De acordo com o especialista em energia eólica de uma empresa do setor, Maurício Rutz, os benefícios desse tipo de produção são a diversificação da matriz produtiva, a minimização de perdas em transmissão e distribuição, a diminuição de investimentos para expansão dos sistemas e o aproveitamento de recursos locais.
O modelo chegou ao Brasil em 2004, apenas para empresas. Mas, desde 2012 a microgeração e a minigeração passaram a ser permitidas, com compensação de crédito por meio da injeção de energia nas concessionárias. Ao todo, segundo dados da Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o país conta com mais de 10 mil conexões, sendo o Rio Grande do Sul o terceiro estado mais conectado, com 1,8 mil pontos. A geração total de energia é de 115 megawatts (MW), atendendo cerca de 12 mil beneficiários. Em torno de 90% dessa energia é produzida em sistema fotovoltaico (solar).
No evento, o secretário adjunto de Minas e Energia do Rio Grande do Sul, José Francisco Pereira Braga, apresentou um panorama do setor elétrico no Brasil e no Estado. Para ele, a energia distribuída é um dos principais desafios para o Estado.
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